Gabriela Cescato, Gerente de Sustentabilidade de Embalagens para a América Latina, conta tudo sobre a parceria com o reciclador local Wise.
Em 2017, assumimos o compromisso público de que, até 2025, todas as nossas embalagens plásticas serão reutilizáveis, recicláveis ou compostáveis, e 25% delas serão provenientes de plástico reciclado.
Para atingirmos essa meta de conteúdo de plástico reciclado, precisamos de muito PCR. Então, em lugares como o Brasil, onde a coleta e a reciclagem ainda estão sendo desenvolvidas, precisamos apoiá-la. E é exatamente isso que estamos fazendo com um reciclador local chamado Wise.
Aqui Gabriela Cescato, que é nossa Gerente de Sustentabilidade de Embalagens para a América Latina e apoiadora da parceria Wise, explica a iniciativa.
Nós temos a demanda, mas precisamos aumentar a oferta
Em 2016, percebemos que nossa exigência de PCR ultrapassou muito o que estava disponível e mesmo o disponível que não era de alta qualidade. Para obter a quantidade - e qualidade - necessária, tivemos que ajudar a aumentar a oferta. Essencialmente, tivemos que nos envolver na mudança do cenário de reciclagem do país.
Depois de examinar os recicladores locais, identificamos a Wise como a melhor parceira. Tem foco em qualidade e segurança, e a cultura da empresa está muito alinhada com o Plano de Sustentabilidade da Unilever.
A Wise é uma fornecedora especializada em polietileno reciclado de alta densidade (HDPE), o plástico mais comum utilizado em nossas embalagens de produtos de Home Care e Personal Care.
A qualidade é muito importante
Ao usar o PCR para fazer a embalagem, ele precisa ser de alta qualidade - uma resina 'premium' - caso contrário, o novo plástico pode ter um cheiro estranho, parecer inestético ou até mesmo contaminar o produto interno.
Para garantir que a Wise pudesse nos fornecer a qualidade certa de resina, a empresa adaptou seu processo de produção - com nosso suporte técnico e expertise - investindo 2 milhões de euros em um novo sistema de lavagem.
Sabendo que isso nos daria a qualidade que buscávamos, nos comprometemos com um contrato de longo prazo para comprar qualquer volume de PCR que a Wise possa produzir.
Aumentando o volume
Obter a qualidade certa é uma coisa. Preparar garrafas usadas suficientes para alimentar o processo Wise, para começar, é outro desafio.
O Brasil produz cerca de 80 milhões de toneladas de lixo anualmente. Se uma cidade tem um programa de coleta público , mas o lixo não é separado em reciclável e orgânico, o plástico acaba em um aterro onde é mais provável que seja enterrado, mas poderia ser separado mecanicamente para reciclagem. Em áreas sem serviço de coleta, o plástico e outros resíduos simplesmente são despejados no meio ambiente.
Segundo o CEMPRE, cerca de 17% da população tem acesso a um sistema de coleta onde os recicláveis são levados para uma cooperativa ou para empresas privadas para que o material seja separado manualmente.
Outra forma do plástico chegar às cooperativas é através da rede de cerca de 400 mil catadores informais do país, segundo dados do IPEA, que coletam material reciclável das ruas e lixões. Para estas pessoas, os 150 euros mensais que ganham em média são geralmente a principal fonte de rendimento familiar.
Após a separação, plásticos e outros materiais são vendidos para recicladores. A qualidade do lixo que atinge as instalações de processamento é altamente dependente de sua origem. O volume maior - do aterro sanitário - é mais sujo devido à contaminação por resíduos orgânicos.
Todo o setor está ganhando impulso
Este novo modelo está impulsionando nossa implementação de PCR no Brasil e foi lançado em abril do ano passado com o lançamento da garrafa de três camadas de Seda, com a variante Pretos Luminosos. Esta é a nossa primeira garrafa produzida no país que utiliza mais de 30% de PCR. No momento, estamos trabalhando em garrafas com níveis semelhantes - ou superiores - para nossas marcas Dove, TRESemmé e Omo, entre outras.
Estamos envolvidos no cenário de reciclagem do Brasil desde os anos 90. Por exemplo, através de uma parceria de longa data com o Grupo Pão de Açúcar (Casino), investimos em quase 100 pontos de entrega com todo o material coletado doado para cooperativas.
Nosso objetivo final é aumentar a demanda por plástico reciclado, o que, por sua vez, aumentará as taxas de reciclagem. Mas nós não estamos fazendo isso sozinhos. No ano passado, nos juntamos a uma rede – gerida pela ABIPLAST, a Associação Brasileira da Indústria do Plástico - que está focada em aumentar as taxas de reciclagem. Isso inclui fabricantes de resinas, convertedores , recicladores, empresas de bens de consumo e cooperativas de catadores.
É cedo, mas a infraestrutura está se desenvolvendo e a demanda por PCR está crescendo. Além disso, os consumidores estão se tornando mais conscientes da necessidade de reciclar. As oportunidades estão aí para todos se beneficiarem.